
Há pais que acreditam que a abordagem mais severa funciona, outros preferem o diálogo. Existe uma baita discussão sobre esse tema, por isso nós vamos falar um pouco, com algumas comparações simples, sobre as diferenças de impor limites e castigar a criança.
Quando a criança faz alguma malcriação, nossa reação mais automática é dizer “não faça isso, senão...”, que normalmente é seguida de uma possível punição. Mas será que essa é a melhor abordagem? E quais são as consequências para a criança?
Impor limites e dar castigo podem parecer a mesma coisa, mas não são, e para a criança isso faz toda a diferença. Tudo depende de como tu vais reagir ao problema para conseguir a atenção da criança. Em resumo, sempre que recebe uma negativa e perde algum privilégio, teu filho vai absorver as seguintes coisas: como ele perdeu, qual a tua intenção ao repreender e o que isso significa. Vamos dar um exemplo tri simples.
Digamos que a criança não está copiando as atividades da escola, e tu precisas tomar alguma atitude a respeito. Vamos falar sobre as duas abordagens e suas consequências.
“Já que não copiaste as atividades da escola, vais ficar sem videogame”. Castigar: Quando repreende a criança dessa maneira, ela reconhece como um castigo. É uma privação de privilégio sem negociação. Ela recebeu uma ordem e deve cumprir sem questionamentos. Fez uma coisa errada e recebeu uma punição; talvez ela repense suas atitudes da próxima vez, talvez não. Ela não vai refletir sobre o que fez de errado, apenas ficará irritada com a punição.
“Se não copiares as atividades da escola, terá de fazê-lo em casa e não sobrará tempo para jogar videogame e assistir desenhos”. Impor limites: Quando tu explicas de forma lógica à criança, que toda a ação terá uma consequência, ela poderá refletir sobre a situação e escolher espontaneamente mudar de atitude. Ela compreende que, se não fizer o combinado, não sobrará tempo para fazer as coisas que gosta. Diferente da primeira situação, ela não reconhece aquilo como uma punição, mas como o resultado de não realizar suas tarefas no tempo determinado. E se voltar a se repetir, tu precisas ter a postura de cumprir o combinado.
Ao castigar a criança, ela reconhece como imposição e que ela nada pode fazer naquele momento para mudar a situação. Ela fica irritada porque está sendo obrigada a pagar por uma atitude que teve, isso gera um sentimento de impotência e pode levar a uma disputa de poder. Por outro lado, quando impomos limite à criança, ela reflete sobre as consequências de fazer algo errado e escolhe o que deve fazer diferente. Ela vai se sentir participante da decisão de fazer a coisa certa, e isso gera um sentimento de autonomia e confiança.
A educação não se trata de o pai ganhar e a criança perder, ou vice-versa; é uma questão de cooperação. O castigo deve sempre ser o último recurso, afinal, o nosso objetivo é ensinar e não punir a criança.